terça-feira, 1 de abril de 2014

Balanço do dia 28 de março no RJ! Construir o M.E. Classista e Combativo e Combater a Burocracia Estudandil!!!!

No dia 28 de Março de 2014 completaram-se 46 anos da morte de Edson Luis, estudante secundarista que foi assassinado pela polícia da Ditadura Militar, simplesmente por protestar em defesa de melhorias no Restaurante Calabouço, localizado no Rio de Janeiro, local onde os estudantes faziam suas refeições, visto que as escolas não possuíam estrutura adequada para garantir a alimentação dos alunos. Após a morte do nosso camarada abriu-se uma fissura no regime ditatorial dos militares, levando para as ruas de diversas cidades do país milhares de estudantes e trabalhadores para pedir o fim da odiosa ditadura. As manifestações ficavam cada vez mais organizadas e combativas, com a adesão de diversos movimentos sociais e de grêmios, Centros acadêmicos e DCEs de todo o país.
Em memória desse período de terror, morte e tortura imposto pela ditadura e que assassinou diversos estudantes, entre eles Edson Luís, centenas de estudantes secundaristas saíram às ruas no centro do Rio de Janeiro para lembrar o ocorrido. A RECC se fez presente nas plenárias de construção e no ato do dia 28 de Março, além de passar em diversas escolas, mobilizando e resgatando a memória da combatividade do movimento estudantil nos tempos de ditadura. Um movimento que se organizava pela base, que era classista e que foi protagonista de uma heróica resistência nos anos de chumbo.
No entanto, o que se viu no dia 28 da parte das organizações que detêm os aparelhos burocráticos do movimento, tais como AERJ, FENET e ANEL, dirigidas por PCR e PSTU respectivamente, além de coletivos supostamente independentes a partidos, mas que na prática são dirigidos por correntes do PSOL, é justamente o oposto daquilo que defendemos incansavelmente para o movimento secundarista na atualidade.
Após ficarmos horas na candelária em concentração esperando para sair, o comando do ato, instância burocrática definida por essas organizações já citadas e rechaçadas por nós e pelas correntes que constroem a FIP, foi visto conversando com policiais. Mais do que um erro estratégico isolado, isso se configura como prática comum dessas organizações. Além de contribuir para a exposição dos estudantes e sua eventual falta de segurança, revelam a sua opção pelas manifestações que seguem a ordem, a ponto de conversarem com aqueles que no passado mataram Edson Luis e hoje matam Amarildos e Cláudias. Não bastasse isto, seguravam os estudantes que ali estavam loucos para sair em marcha, com a desculpa de que esperavam a CET-RIO fechar o trânsito, mostrando mais uma vez uma faceta não combativa e subserviente as ordens do Estado, este que não dá passe livre pros estudantes e que destrói cada vez mais as escolas e a democracia dentro delas.
A Recc, junto com as correntes que compõem a FIP, sabendo dessa situação, deu início à manifestação, não esperando a liberação da CET-Rio e partindo para o lado da Avenida Rio Branco oposto ao que parece ter sido acordado entre o “comando do ato”, a polícia e a CET-Rio. Todos os estudantes vieram conosco o que causou tensão com os que “comandavam o ato”. Primeiro porque queriam o carro de som à frente da manifestação, tirando o protagonismo dos estudantes, e garantindo a ordem. Além disso, chamaram as organizações que constroem a Fip de fascistas, simplesmente porque escolheram o caminho da luta e não o da conciliação e do acordo com aqueles que nos reprimem e matam desde a ditadura até os dias de hoje.
Quando viram que não conseguiriam através da delação e do oportunismo satisfazer suas vontades de dirigir e guiar, como se iluminados fossem, os secundaristas, vieram dialogar conosco. Foi aí que chegamos a um acordo para que o ato continuasse sem tensionamentos. Todavia, como de costume, essas organizações não cumpriram em nada o acordo, pelo contrário, tentaram a todo instante isolar as organizações combativas, com o intuito de afastá-las das suas bases e garantir uma manifestação ordeira. Ao passar no clube militar, símbolo maior do que de mais odioso há na nossa história, passaram direto, fazendo apenas menção ao camarada Edson Luis na passagem. Nesse momento vimos algo interessante: diversos estudantes foram retirados por uma suposta “comissão de segurança” que não foi deliberada e nem constituída em nenhuma plenária para os ônibus nos quais vieram. Uma arapuca pra esvaziar uma possível ação da fração dos estudantes combativos, com objetivo de delatar e taxar-nos como irresponsáveis. Lamentavelmente estão desde novos aprendendo a trair a categoria em benefício do aparelho.
Chegando à Alerj, local onde foi velado o corpo de Edson Luis, a polícia militar mostrou a mesma postura de 46 anos atrás. Sem que nada tivesse acontecido, começou a efetuar prisões e atirou balas de borracha contra os estudantes. Resultado final da patética atuação do comando do ato e das organizações traidoras e sua relação servil com a polícia militar: 3 estudantes presos e 1 estudante ferido com um tiro de bala de borracha no nariz e hospitalizado no Souza Aguiar.
A AERJ e a FENET, entidades dirigidas pelo PCR, assim como a ANEL, dirigida majoritariamente pelo PSTU, não representam uma alternativa organizativa a UBES simplesmente porque são apenas deslocamentos de centro de poder, superestruturas que não se preocupam com o trabalho de base, a organização dos estudantes de escola em escola. Esses partidos, tanto no movimento estudantil como no sindical, já mostraram sua cara! São traidores e inimigos daqueles que lutam por uma escola popular de qualidade, pelo passe livre e pelo livre acesso a universidade. Isso ficou muito evidente no dia 28 de Março. Já o coletivo “juventude em movimento” que fala em seus materiais de autonomia e independência em relação a partidos é dirigido majoritariamente pela corrente Insurgência que faz parte do PSOL. Tocam sua política de forma oportunista, se aproveitando da honestidade e da disposição dos estudantes em construir um movimento estudantil novo e pela base. Todos os seus dirigentes estudantis, já conhecidos pelo papel de delação ao longo da última década estavam presentes no dia 28, com as mesmas práticas de antes. Esse coletivo não é uma alternativa independente para o movimento secundarista, pois já está atrelado aos vícios e a degeneração dessa corrente.
A RECC convoca a todos os estudantes secundaristas para construir uma alternativa classista, independente e autônoma a partidos e que esteja disposta a reconstruir o movimento estudantil combativo. Para isso é necessário a construção de coletivos de oposição a grêmios e coletivos de base nas escolas que não possuem grêmio. A organização, a democracia e a responsabilidade são parceiras dos estudantes do povo e por isso não deverá nos assustar. A desorganização, a burocracia e a indisciplina são inimigas dos sinceros lutadores e lutadoras que reconhecem a grandiosa tarefa a qual estão submetidos: lutar por uma educação que esteja a serviço da classe trabalhadora. A independência não é sinônimo de corporativismo. Aqueles que, sob o desígnio de “independentes”, não pretendem se organizar nem aliarem sua luta a luta dos demais estudantes classistas e combativos de outras escolas e cidades atestam, ao contrário, um sectarismo, uma política infértil, um isolamento que conduzirá nossos objetivos estratégicos ao fracasso. Aqueles que não se organizam serão fácil e rapidamente consumidos ou atropelados pelas organizações e partidos hegemônicos na cena política nacional de caráter reformista, legalista e pacifista.

União e Organização é força!
Nós Venceremos!
Avante o Movimento Estudantil Classista e Combativo